Medicamentos Agonistas do GLP-1 e insuficiência cardíaca: riscos em pacientes com marcapasso ou desfibrilador.
- À Sua Saúde

- há 5 horas
- 2 min de leitura

Um estudo conduzido na McGill University Health Centre, em Montreal (Canadá), intitulado "Effects of Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonist Initiation in Patients With Heart Failure With Reduced Ejection Fraction and Implantable Cardiac Devices" e publicado em 2025 na revista científica JACC: Heart Failure, analisou pacientes com insuficiência cardíaca grave (fração de ejeção reduzida), que já tinham marcapasso ou desfibrilador implantado e que iniciaram o uso de medicamentos da classe GLP-1.
Os medicamentos da classe GLP-1, tecnicamente chamados de agonistas do GLP-1 (porque imitam a ação natural do hormônio GLP-1 no organismo) são amplamente conhecidos hoje por ajudarem no controle do diabetes tipo 2 e no tratamento da obesidade. Eles incluem remédios bastante populares, como Ozempic e Wegovy, e são aplicados por via injetável, ajudando na perda de peso, no controle da glicose e na melhora do metabolismo de forma geral.

No estudo, os pesquisadores compararam 53 pacientes que iniciaram o uso desses medicamentos com 53 pacientes semelhantes que não utilizaram essa classe terapêutica. Ambos os grupos foram acompanhados ao longo de aproximadamente um ano. A equipe observou que, entre os usuários de agonistas de GLP-1, houve um aumento médio de cerca de 7 batimentos por minuto na frequência cardíaca em relação ao grupo que não usou.
Além disso, os pacientes que utilizaram medicamentos da classe GLP-1 apresentaram uma maior quantidade de eventos ventriculares não sustentados (um tipo de arritmia) e tiveram mais intervenções acionadas pelos marcapassos e desfibriladores implantáveis, como correções automáticas de ritmo e choques terapêuticos, indicando maior instabilidade elétrica do coração nesse grupo. Isso é alarmante porque mostra que o coração desses pacientes está mais vulnerável a arritmias perigosas, exigindo que os dispositivos intervenham repetidamente para evitar eventos graves, algo que aumenta o risco de piora da insuficiência cardíaca, descargas dolorosas e até situações potencialmente fatais.

É importante reforçar que esses resultados não significam que medicamentos como Ozempic, Wegovy ou outros agonistas de GLP-1 sejam perigosos para todas as pessoas. Na verdade, eles trazem benefícios comprovados para milhões de pacientes, especialmente no controle do diabetes e na redução de peso, fatores que, por si só, também melhoram a saúde cardiovascular. O alerta deste estudo é voltado especificamente para um grupo muito particular: pessoas com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e que possuem marcapasso ou desfibrilador implantado.
Por isso, para pacientes nessa situação, é essencial que a decisão de iniciar medicamentos dessa classe seja tomada em conjunto com o cardiologista. Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em conta o estado da insuficiência cardíaca, a função do dispositivo, os benefícios metabólicos esperados e o perfil cardiovascular geral. O mais importante é garantir segurança, personalização do tratamento e acompanhamento próximo.

Em resumo, essa pesquisa não condena os agonistas de GLP-1, mas reforça que seu uso deve ser cuidadosamente avaliado em pessoas com insuficiência cardíaca grave e dispositivos implantáveis. A mensagem final é clara: é possível usar, desde que com orientação especializada e monitorização adequada, garantindo benefícios sem comprometer a segurança do coração.






Comentários