Nova esperança para o tratamento do glaucoma com injeção de longa duração:

Pesquisadores da Universidade de Toronto desenvolveram um novo método de administração de medicamentos que pode revolucionar o tratamento do glaucoma. Atualmente, os pacientes precisam aplicar colírios diariamente para controlar a doença, mas essa abordagem nem sempre é eficaz devido à dificuldade na aplicação correta e à necessidade de horários rigorosos. Agora, a equipe liderada pela professora Molly Shoichet encontrou uma alternativa promissora: uma única injeção sob a pálpebra pode manter o efeito do medicamento por até sete semanas.

O segredo dessa inovação está no uso de agregados coloidais de fármacos (CDAs), que modificam a forma como o medicamento é liberado no organismo. O estudo, publicado na revista Advanced Materials, mostrou que um colírio comum para glaucoma, que normalmente dura apenas seis horas, pode ter seu efeito prolongado significativamente quando administrado por essa nova técnica. Além de reduzir a necessidade de múltiplas aplicações diárias, essa tecnologia pode melhorar a adesão ao tratamento, especialmente entre idosos, que são os mais afetados pela doença.

O glaucoma é um conjunto de doenças oculares que aumentam a pressão dentro do olho, causando danos ao nervo óptico e podendo levar à cegueira. Não há cura definitiva, apenas tratamentos para retardar sua progressão. Atualmente, além dos colírios, os pacientes podem recorrer a procedimentos a laser ou cirurgias, que exigem injeções intraoculares a cada poucos meses. No entanto, essas abordagens apresentam riscos de complicações, como infecções e inflamações. O novo método evita essas intervenções invasivas, tornando o tratamento mais seguro e acessível.

A pesquisa utilizou um hidrogel especial para dispersar os agregados coloidais do medicamento, garantindo uma liberação gradual e prolongada. Os testes mostraram um aumento de 200 vezes na eficácia do tratamento quando comparado à administração convencional. Esse hidrogel também impede que o medicamento escape do local da aplicação, garantindo que ele permaneça na área correta e atue de forma contínua. Essa descoberta abre caminho para novas aplicações dessa tecnologia no tratamento de outras doenças oculares.

O estudo contou com a colaboração do Dr. Jeremy Sivak, especialista em glaucoma do Krembil Research Institute, e já demonstrou resultados promissores em testes pré-clínicos. Agora, os pesquisadores estão trabalhando para otimizar a formulação e torná-la viável para uso clínico. O objetivo é que essa injeção não invasiva possa ser aplicada em consultórios médicos a cada um ou dois meses, eliminando a necessidade do uso diário de colírios e garantindo um tratamento mais eficaz e confortável para os pacientes.

Apesar do grande avanço, ainda há desafios pela frente. A equipe de pesquisa está focada em garantir a estabilidade e a produção em larga escala do medicamento, além de buscar financiamento para acelerar os testes clínicos. Se bem-sucedida, essa inovação pode transformar o tratamento do glaucoma e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.